Como acelerar o progresso genético de uma característica no melhoramento animal? 

Como acelerar o progresso genético de uma característica no melhoramento animal?

No melhoramento genético de bovinos de corte, é essencial avaliar o progresso genético da característica de interesse. Nesse blogpost, nossa Líder de Mercado em Genética, Dra. Giovanna Moraes, explica as principais dúvidas sobre este assunto

O que é progresso genético de uma característica?

Dra. Giovanna Moraes – O progresso genético é basicamente o ganho genético alcançado a cada geração, para a característica de interesse. Representa a superioridade genética dos descendentes em relação à média da geração dos pais, com base na intensidade de seleção praticada, na acurácia de predição, na variabilidade genética da característica e no intervalo de gerações. 

Quais são as técnicas de seleção mais eficazes para acelerar o progresso de uma característica específica em animais de produção?

Dra. Giovanna Moraes – As técnicas para acelerar o progresso genético estão diretamente ligadas às variáveis que compõem o ganho genético. Então é fundamental ser exigente no processo de seleção, fortalecendo a intensidade de seleção e impulsionar a variabilidade genética do rebanho, com uso de linhagens diversas, mas que atendam a objetivos de seleção semelhantes. A principal técnica, entretanto, é diminuir o intervalo de gerações. Esse é o fator que mais impacta o ganho genético. Utilizar reprodutores jovens e bem avaliados dá celeridade ao processo de melhoramento genético. 

Como as biotecnologias de reprodução assistida (inseminação artificial e transferência de embriões), podem ser aplicadas para acelerar o progresso genético em animais? 

Dra. Giovanna Moraes – As biotecnologias reprodutivas são fundamentais! Peças-chave! Permitem a disseminação do material genético, entretanto utilizar IATF, por exemplo, não é sinônimo de realizar melhoramento animal. A grande questão, é que não basta utilizar as biotecnologias… tem que usar as biotecnologias com material genético de animais de alta qualidade. O grande risco é realizar seleção erroneamente, e disseminar material genético que gere retrocesso. O importante é conciliar seleção de animais adequados ao seu objetivo de seleção, com satisfatório desempenho e baixo de custo de produção e utilizá-los intensivamente, com o auxílio das biotecnologias.

Como a genômica está sendo utilizada para identificar genes específicos relacionados a características de interesse em bovinos?

Dra. Giovanna Moraes – A genômica nos trouxe progressos incríveis como a confirmação de paternidade e descoberta de potenciais doenças. O grande avanço (e também desafio), porém, se trata do uso da genômica para o conhecimento de características poligênicas, ou seja, características moldadas pela interação entre vários genes, locados em diferentes regiões do DNA. É um verdadeiro mapa de genótipos, que nos permite conhecer o potencial do animal, antes mesmo que ele tenha tido a possibilidade de expressar determinada característica.  O exame é realizado, na maioria das vezes, com material do bulbo capilar de pelos da cauda. Esse material vai para o laboratório e é analisado por técnicos responsáveis, que repassam as informações para os programas de melhoramento genético.

Os programas, por sua vez, incorporam essas informações aos demais dados do animal (pedigree e dados de desempenho próprio e progênie – quando existem) para gerarem as DEPs genômicas. Em animais jovens, a genômica impulsiona a acurácia das avaliações genéticas, fomentando o uso de touros que contribuem para a diminuição do intervalo de gerações e aumento do ganho genético. Os benefícios da genômica, vale ressaltar, dependem diretamente da adequada avaliação fenotípica! É fundamental que haja registros constante de fenótipos para reajustar os modelos de predição, corrigir possíveis desvios e incorporar mudanças nas características de interesse ao longo do tempo. 

Como produzir um animal equilibrado geneticamente, que atenda as características de interesse econômico desejadas?

Dra. Giovanna Moraes – Equilíbrio! Esse é o grande segredo do melhoramento genético animal. Animais com satisfatório desempenho para várias características de impacto econômico são essenciais para o progresso genético e normalmente, são mais interessantes do que animais que sejam extremados para apenas 1 ou 2 características. Ainda, é primordial conhecer o mercado consumidor, para então determinar as características de impacto e aí equilibra-las no seu objetivo de seleção. Devemos produzir cientes do que o nosso mercado necessita e avaliar nossos animais com responsabilidade! É como montar um quebra-cabeças em cada característica é uma peça a ser encaixada. Para isso, o uso de métodos seleção facilita a “montagem“. Podemos começar determinando níveis mínimos aceitáveis para as principais características e descartando animais que não atinjam esses níveis. Então, o uso de índices de seleção faz o refinamento.

Os programas de melhoramento genético e as associações de raças possuem índices de seleção. Mas além desses, ter o próprio índice da fazenda, que atende especificamente à sua realidade e ao seu mercado consumidor é um diferencial! Nesse índice é dado um peso de importância para as características elencadas como critérios de seleção. Assim, os animais terão além das avaliações de cada característica, uma “nota” final, que auxilia a comparação, seleção e direcionamento de acasalamentos. O melhoramento animal e a busca pelo progresso genético é sempre um processo, um caminho. 

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