O avanço nos preços do boi gordo tem influenciado demais elos da cadeia produtiva, dentre eles o da alimentação animal. Nos confinamentos de gado do Centro-Oeste, o Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP) atingiu R$ 14,90 por cabeça ao dia em outubro, alta de 10,13% em relação ao mês anterior e aumento de 5,45% no comparativo anual.
O indicador é calculado pela empresa de tecnologia Ponta, responsável pelo gerenciamento de informações de mais de 7 milhões de cabeças por ano em todos os sistemas produtivos.
Na avaliação do CEO da Ponta, Paulo Dias, o avanço no índice de outubro reflete o reaquecimento no mercado da pecuária de corte, impulsionado pela alta demanda por proteína animal, especialmente para exportação de carne, e pelo aumento do preço da arroba.
As vendas externas de carne bovina do Brasil atingiram 301,16 mil toneladas em outubro, crescimento de 43,2% na variação anual e um recorde para o mês, conforme dados da Associação Brasileira dos Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Já o preço do boi gordo acumulou ganho de 16% ao longo do mês passado, com média de R$ 301,13 por arroba, segundo o indicador Cepea/B3.
“Esse ambiente favorece investimentos na engorda de animais, o que, por sua vez, eleva a demanda por insumos e o custo de nutrição”, explica o especialista.
O custo da tonelada de matéria seca da dieta de terminação foi de R$ 1.114,78 nos confinamentos do Centro-Oeste, um aumento de 9,62% em comparação com o mês anterior.
Segundo a análise, dentre os insumos mais utilizados, o milho grão seco, ureia, núcleos minerais e casca de soja tiveram as maiores altas: de 7,82%, 4,98%, 2,30% e 2,14%, respectivamente.
Na região Sudeste o cenário foi um pouco diferente. O ICAP ficou em R$ 11,89 por cabeça ao dia, praticamente estável na variação mensal, como alta de 0,25%, mas com queda de 2,46% em relação a outubro do ano passado.
O custo da tonelada de matéria seca da dieta de terminação atingiu R$ 1.120,82 no Sudeste, aumento de 6,38% em relação ao mês anterior. Em contrapartida, o custo da diária de confinamento das dietas de adaptação e crescimento caíram no último mês, respectivos 0,21% e 4,96%, o que conteve o crescimento do ICAP geral na região.
Entre os insumos mais utilizados, os núcleos minerais (+31,30%), milho grão seco (+8,86%) e caroço de algodão (+8,46%) foram os que apresentaram maiores aumentos.
Próximos passos
Com a expectativa de que a demanda continuará firme, tanto no Brasil quanto no exterior, Dias acredita que é provável que o preço da arroba siga valorizado no curto prazo e que, devido à alta demanda por insumos para a engorda dos animais, também ocorra um aumento no custo de nutrição.
Outro fator que tem impulsionado o custo de alguns insumos no Brasil é a alta do dólar.
“O aumento da cotação da moeda americana mexe com o mercado de exportação de insumos, em especial o milho e a soja, e isso impacta ainda mais a oferta interna de alimentos para nutrição animal”, acrescenta.
Acesse gratuitamente o ICAP – Índice de Custo Alimentar da Ponta.
Matéria originalmente publicada em Globo Rural.