As preocupações com as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global que há algumas décadas eram apenas uma possibilidade para um futuro pessimista, se tornaram realidade.
Seus efeitos são sentidos no mundo todo e se materializam em forma de ciclones, tornados, queimadas e graves estiagens em locais onde esses fenômenos não costumavam acontecer. As ondas de calor e as fortes chuvas geram calamidades, problemas de saúde e prejuízos nas cidades e, principalmente, no campo.
Alguns setores são apontados como grandes emissores de gases de efeito estufa, mas nenhum é tão prejudicado pelos efeitos do aquecimento global do que a agropecuária.
Neste artigo vamos falar da relação da pecuária com o aquecimento global e sobre como a ciência e as tecnologias da pecuária de precisão, como o Intergado Science, estão colocando em prática a pecuária sustentável no Brasil.
O que é pecuária sustentável e a sua importância
A pecuária sustentável é a produção de produtos de origem animal com o uso de técnicas e práticas que atendem aos três pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental.
Isso significa dizer que a produção pecuária precisa ter:
• Viabilidade econômica: ter baixo custo de produção, alta produtividade, gerar riqueza e renda;
• Responsabilidade social: oferecer condições dignas de trabalho, proporcionar bem-estar aos profissionais e promover o desenvolvimento de pessoas;
• Consciência ambiental: garantir o bem-estar animal, otimizar a utilização de recursos naturais e reduzir o impacto.
Graças ao trabalho que cientistas, pesquisadores e especialistas vêm fazendo há anos sobre manejo de pastagens, nutrição e sistema ruminal, comportamento animal no consumo de alimentos e recursos hídricos, já existem técnicas e tecnologias disponíveis no mercado para atender a todos os pilares da pecuária sustentável.
A pecuária e as emissões de gás metano
A pecuária é uma atividade econômica que tem por finalidade fornecer produtos de origem animal para a produção de alimentos (carne, leite e derivados), de medicamentos, de vestuário e cosméticos, de carros e muitos outros.
De acordo com um estudo, apenas 55% do animal abatido, bois ou vacas, é considerado parte comestível, os outros 45% são partes destinadas a outras indústrias.
Isso significa dizer que a produção pecuária tem um importante papel social e econômico no mundo e utiliza recursos naturais para produzir alimento com alto valor de proteína e abastecer o mercado com matérias-primas essenciais para a saúde e bem-estar da população mundial. O rebanho mundial tem mais de 1 bilhão de bovinos para atender as necessidades de mais de 8 bilhões de pessoas.
Segundo a ONU, a agropecuária é responsável pela emissão de 32% do metano que é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. O metano contribui com 30% do aquecimento global. Ou seja, os outros 70% vêm do CO2 emitido, principalmente, pelas indústrias de energia, transportes e outros.
Ainda que o metano não seja o principal gás do efeito estufa e fique menos tempo na atmosfera, ele é o que mais absorve energia e calor e, por isso, tem potencial de acelerar o aquecimento. Reduzir as emissões é uma questão urgente para todos.
Porque a pecuária faz parte da solução
É mais fácil mudar o rebanho e as técnicas de manejo animal do que mudar toda a matriz energética mundial. Por esta possibilidade é que a atenção do mundo para resolver o problema do aquecimento global se volta para a pecuária.
A facilidade para a adoção de tecnologias de produção sustentável e próprio ciclo de troca do rebanho, principalmente na pecuária de corte, são condições favoráveis para que a produção de carne bovina reduza rapidamente os níveis de emissão de metano sem afetar a sua capacidade de alimentar o mundo.
Como a pecuária está cada vez mais sustentável
Os produtores estão adotando modelos de gestão mais eficientes e buscando conhecimento especializado com técnicos, consultores e pesquisadores que atuam em Centros Experimentais nas próprias fazendas e empresas ou em Centros de Pesquisa Pública, como o RumenLab e o Centro de Pecuária Sustentável do Instituto de Zootecnia.
Conheça algumas práticas e tecnologias que geram bons resultados:
• Intensificação da produção
O modelo de intensificação dos sistemas produtivos, mais comum na fase de terminação, usa a suplementação da dieta para aumentar o ganho de peso e acabamento de carcaça. Com um ciclo mais curto, se reduz a emissão de gás metano.
• Uso de aditivos na nutrição
Através de pesquisas onde é utilizada as tecnologias do Intergado Science, que permitem medir o consumo de alimento, água e das emissões dos animais; pesquisadores testaram aditivos nutricionais que melhoram a digestibilidade do animal e reduzem a emissão de gases.
• Melhoramento genético
A ciência já identificou que existem animais que consomem menos alimento para ter o ganho de peso esperado. Animais selecionados para Eficiência Alimentar contribuem para a preservação dos recursos naturais e são mais rentáveis para o produtor. Animais que comem menos, emitem menos gases.
• Redução do desperdício
Com tecnologias de gestão que aumentam a eficiência dos processos, principalmente da fabricação da ração e do fornecimento dos tratos aos animais. O maior controle gera menos desperdício, o que impacta na redução de custos e no melhor uso dos recursos nutricionais.
• Integração lavoura-pecuária-floresta
A integração dos sistemas produtivos na fazenda favorece a produtividade, gera aproveitamento da sombra para o animal, do esterco para a lavoura, dos subprodutos das plantações para alimentação do gado, além de aumentar a fixação de carbono.
• Manejo de pastagens
O uso de espécies forrageiras mais produtivas, o manejo correto do pasto associado à recuperação das pastagens aumenta a fixação de carbono no solo e a taxa de lotação da fazenda. Com mais animais por piquete, não é necessária a abertura de novas áreas.
Além disso, os avanços tecnológicos continuam impulsionando as pesquisas para a descoberta de novas técnicas e recursos que tornem a pecuária cada vez mais sustentável para o bolso do produtor e para o planeta.
Podemos dizer que no Brasil é feita pecuária sustentável e existem possibilidades de avançar com baixo impacto ao meio ambiente. Garantir a segurança alimentar do mundo é um trabalho de várias mãos e envolve a produção sustentável associada ao consumo responsável.