Desde os primórdios da domesticação animal, a relação entre alimentação e produtividade tem sido objeto de estudo e interesse. A compreensão dos mecanismos da Eficiência Alimentar na produção animal começou a partir do século XVIII, de forma mais profunda.
Como tudo começou
O marco inicial dessa jornada histórica remonta a Bakewell, em 1760, que começou a direcionar acasalamentos associando a produtividade ao uso de alimentos. Esse foi um passo crucial que pavimentou o caminho para futuras descobertas e avanços na compreensão da relação entre alimentação e desempenho animal.
Ao longo do século seguinte, nomes como Byerly e Blaxter contribuíram fortemente para o desenvolvimento do campo. Byerly, em 1941, observou que indivíduos com pesos iguais consumiam quantidades diferentes de alimentos para alcançar o mesmo nível de produção, destacando a variabilidade individual na Eficiência Alimentar. Enquanto isso, Blaxter, em 1956, enfatizou a importância de uma alimentação que atendesse a necessidades fisiológicas específicas de cada animal para garantir um suprimento adequado de energia.
No final do século XX, especialmente na década de 90, o impacto da Eficiência Alimentar começou a ser mais profundamente compreendido e explorado. Estudos conduzidos por australianos, canadenses e americanos examinaram os efeitos da seleção para Eficiência Alimentar, estimando herdabilidade e correlações com outras características de interesse econômico. Projetos pioneiros, como TRANGIE e BEEF CRC, surgiram nesse período, lançando as bases para uma abordagem mais sistemática e científica da Eficiência Alimentar na
pecuária.
E o Brasil?
No contexto brasileiro, o Instituto de Zootecnia (IZ) liderou importantes pesquisas sobre Eficiência Alimentar, especialmente em raças como Nelore e Guzerá.
Por volta de 2005, tivemos experimentos pioneiros com a adoção de sistemas eletrônicos para mensuração do consumo alimentar. Dessa forma, abriram-se novas perspectivas para o estudo e seleção de animais eficientes. O 1º teste em fêmeas Nelore, foi realizado pela unidade do IZ de Sertãozinho/SP. Na sequência, em 2010 foi incorporada a Eficiência Alimentar em programa de seleção.
A partir de 2010, o criador Luciano Borges, do Rancho da Matinha, em parceria com a ABS importa o sistema eletrônico de mensuração de consumo e testa toda a safra de bezerros e bezerras em baias coletivas. A adesão tecnológica também ocorreu com Centros de pesquisa e empresas de genética.
Século XXI
Ao longo do tempo, o século XXI testemunhou uma ampliação significativa da base de fenótipos relacionados à eficiência alimentar. Programas de seleção de raças como Angus e Senepol passaram a incorporar medidas de eficiência alimentar em seus índices econômicos, refletindo uma crescente conscientização sobre a importância desse atributo para o meio ambiente e a lucratividade da pecuária.
Então, nasce a Intergado em 2013, com tecnologia eletrônica nacional para mensuração de consumo individual de alimentos e de pesagem animal. A 1º prova utilizando o Intergado Efficiency ocorre na Grama Senepol, com novilhas. Logo na sequência, a ABCZ reuniu pecuaristas e pesquisadores para criação do “Manual de procedimentos para mensuração de consumo individual de alimentos em bovinos de corte”.
Entre 2017 a 2021, ocorre o lançamento das DEPs (Diferença Esperada na Progênie) para Eficiência Alimentar em diversas raças, como Nelore, Guzerá e Senepol, representando um marco importante na evolução do setor. Esses avanços não apenas permitem uma seleção mais direcionada e eficiente de animais, mas também contribuem para a criação de índices bioeconômicos mais robustos, que consideram não apenas o desempenho produtivo, mas também a eficiência alimentar.
Em meados de 2022, a ANCP publica índices MGTe_CO e MGTe_F1 incorporando DEPCAR com foco na lucratividade da pecuária de corte. Além disso, já em 2023, a raça Angus lançou a DEP para Eficiência Alimentar no Brasil.
O Intergado Efficiency registrou um aumento de mais de 1200% na avaliação de fenótipos para EA, durante 10 anos, demonstrando a importância deste para a produtividade. Também publicou o “Catálogo Ponteiros da Eficiência” reunindo reprodutores eficientes e em quais centrais podemos encontrá-lo.
Com tecnologias cada vez mais avançadas e uma compreensão mais profunda dos mecanismos genéticos e fisiológicos envolvidos, estamos no caminho certo para transformar a maneira como produzimos alimentos e garantir um futuro próspero para a pecuária global.
À medida que avançamos para o futuro, a Eficiência Alimentar é sinônimo de uma produção pecuária mais sustentável, produtiva e rentável.
Pensando nisso, a Ponta lançará os Selos de Eficiência Alimentar, com objetivo de reconhecer e mostrar para você a importância de certificar e ser um criador de genética eficiente. A live de lançamento acontecerá dia 28/5, às 19h no nosso canal do Youtube.