Uma prova para mensuração da eficiência alimentar (EA) consiste de agrupar-se uma certa quantidade de animais com condições fisiológicas mais próximas o possível entre si (sexo ou condição sexual, raça ou genótipo, idade, plano nutricional prévio, etc) e submetê-los a mesma condição ambiental a fim de monitorar o consumo e desempenho individuais, e a partir dessas obter de forma calculada a EA de cada animal, pela diferentes formas de calculá-la (Conversão Alimentar, Consumo Alimentar Residual – CAR, etc.).
No entanto, a forma de condução da prova, bem como as regras de como planejar e conduzir o teste, e aspectos como a duração do monitoramento, critérios para descarte de dados, entre outros, podem variar de acordo com a entidade organizadora e/ou compiladora dos dados. No Brasil, em 2020, foi publicado o Manual: Procedimentos para mensuração do consumo individual de alimento em bovinos de corte, o qual é utilizado por boa parte de criadores. Contudo, salienta-se que esse manual não é o único existente, e que cabe ao criador em consonância com a entidade para qual deseja enviar seus dados entrarem em acordo a respeito dos procedimentos a serem seguidos.
Nesse documento listamos alguns dos manuais vigentes no mundo.
Manual/Regulamento – Link | Ano | Origem/Autores |
Procedimentos para mensuração do consumo individual de alimento em bovinos de corte | 2020 | Brasil – Material produzido por uma série de pesquisadores e entidades que conduzem/auditam/consolidam dados de EA no Brasil, entre elas: ANCP, Intergado, Geneplus – Embrapa, ABCZ. |
http://guidelines.beefimprovement.org/index.php/Intake_and_Feed_Efficiency | 2021 | EUA – BIF – Beef Improvement Federation |
General Minimum Guidelines for Recording Individual Feed Intake | 2015 | EUA – American Angus Association |
https://www.dpi.nsw.gov.au/animals-and-livestock/beef-cattle/feed/feed-efficiency | – | Australia – NSW – Department of Primary Industries |
Tabela 1 – Alguns manuais/regulamentos para condução de provas de eficiência alimentar no mundo
Cabe salientar, que independentemente do manual, o objetivo é tornar a condução do teste o mais equiparada possível entre os animais participantes e principalmente obter mensurações acuradas das características mensuradas ao longo da prova, com destaque para o consumo diário médio e ganho de peso médio, ambas essências para o cálculo da EA.
Quanto a duração dos testes
As características mensuradas possuem certa instabilidade, isto é, variam diariamente, e por isso demanda-se tempo para obtê-las, de forma a reduzir ao máximo a variabilidade na estimativa das médias de cada uma e com isso reduzir-se o erro da avaliação individual (Figura 1). Na figura, é possível notar como o consumo diário de um animal varia ao longo da prova, e o impacto dessa variação no cálculo do consumo médio do indivíduo ao decorrer da prova. Percebe-se que quanto maior o período maior a estabilidade da estimativa do consumo médio que será utilizado para o cálculo da EA.
Por outro lado, estender por demais o teste implica reduzir o aproveitamento da área de teste e onerar o processo como um todo. Nesse sentido, diversos foram os esforços no mundo para se estimar o período ideal para condução das provas. Contudo, nós da Intergado, entendemos que não há um período ideal, pois cada teste, cada grupo e cada animal terão um comportamento que irá determinar a necessidade de tempo para que as mensurações (i.e., as instabilidades das variáveis) se estabilizem. Frente a isso, o sistema Efficiency calcular diariamente a estabilidade das variáveis obtidas pelos equipamentos Intergado, por animal e prova, auxiliando a detectar animais que, porventura, precisem de mais tempo, e também a definir o prazo ideal de cada prova, otimizando o binômio qualidade da prova e custo da condução. A instabilidade das variáveis é mensurada através de uma métrica determinada Erro Padronizado Médio Relativo, e consiste em dividir-se o erro padrão médio da estimativa do consumo ou ganho de peso, pela estimativa do parâmetro, resultando em um valor percentual. Cabe então ao analista, definir o valor aceitável para esta instabilidade, o qual pode ser configurado no menu de cadastro de protocolos de teste. Abaixo, seguem equações para cálculo dos índices.
Considerações Finais
Frente ao exposto, entendemos que independentemente do manual/regulamento a ser seguido, é de suma importância que as variáveis mensuradas sejam obtidas com qualidade e tempo suficiente para que as instabilidades sejam reduzidas ao máximo, ou seja, próximas a instabilidade natural das variáveis, de forma a obter a melhor estimativa do consumo e desempenho reais de cada animal ao longo da prova, sem, contudo, onerar a obtenção das mesmas.