A maciez da carne e a eficiência alimentar do gado são temas centrais para quem deseja lucratividade e qualidade na pecuária de corte. Assista ao vídeo abaixo e confira detalhes sobre esses dois aspectos para a melhoria da carne bovina brasileira.
Em entrevista ao Giro do Boi, o pesquisador Roberto Sainz — brasileiro, professor da Universidade da Califórnia e fundador da Aval Serviços Tecnológicos — detalhou como a ciência por trás dessas características está mudando os rumos da seleção e do confinamento no Brasil.
“O segredo da carne macia está em abater animais jovens”, afirma Sainz.
Isso se reflete diretamente na experiência do consumidor e na conquista de novos mercados. Além disso, o especialista destacou que existe variação genética mesmo dentro da raça Nelore:
“Tivemos animais puros Nelore que deram qualidade igual ou superior a meio-sangue Angus”.
Como a genética e a nutrição influenciam no rendimento


Para o pesquisador, o rendimento de carcaça é altamente impactado por características como área de olho de lombo e espessura de gordura, medidas que podem ser estimadas com precisão pela ultrassonografia de carcaça.
“Se dois animais pesam 600 kg, aquele com mais musculosidade vai render mais carcaça, isso é dinheiro no bolso”, enfatizou.
Na nutrição, a eficiência alimentar é um divisor de águas. Sainz explica que os animais mais eficientes são os que gastam menos energia para se manter e, por isso, aproveitam melhor a ração.
“A exigência de mantença é herdável e pode ser selecionada geneticamente”, afirmou.
Segundo ele, a Aval já tem dados de mais de 6 mil animais avaliados em seu centro de eficiência alimentar no Rancho da Matinha, que completará sua 50ª edição em breve.
Eficiência alimentar reduz emissões de metano



Além de gerar economia, a eficiência alimentar também é uma aliada da sustentabilidade. Usando dados genéticos e composição da dieta, Sainz e sua equipe conseguiram estabelecer uma forte relação entre animais mais eficientes e menor emissão de metano.
“A relação entre eficiência alimentar e emissão de metano chega a 80%”, explicou.
Estudos também revelaram que a emissão de metano tem herdabilidade de 12% na raça Nelore, o que abre espaço para seleção genética com foco ambiental.
Seleção equilibrada e animal “multiqualificado”



Para Roberto Sainz, o futuro da pecuária está na seleção equilibrada. Os índices da Aval buscam identificar o chamado “animal multiqualificado”, ou seja, aquele que é:
- Precoce;
- Fértil;
- Bom de carcaça;
- Bom de rendimento;
- De qualidade superior;
- E ainda desmama bezerros pesados.
“É esse o animal que todo pecuarista deveria buscar. Porque ele melhora a próxima geração e coloca dinheiro no bolso”, destacou o pesquisador.
Um convite aos produtores: “não perca tempo”
Sainz encerrou a entrevista com um convite direto aos produtores:
“Se você ainda não teve a oportunidade de medir seus animais e ajustar seu manejo com base em ciência, não perca tempo. A tecnologia está aí para ajudar. A Aval e outras empresas estão à disposição. Vamos virar esse jogo e ultrapassar os americanos também como produtores!”
Matéria postada originalmente no Giro do Boi