Índice de Custo Alimentar Ponta é destaque na mídia e revela os desafios da pecuária diante da valorização da arroba do boi gordo
O mercado pecuário segue aquecido em 2025 e os efeitos já aparecem no custo de produção. Segundo o mais recente relatório do Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP), divulgado pela Ponta Agro e repercutido pelo programa Globo Rural, o mês de abril apresentou realidades bem diferentes entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Enquanto o Centro-Oeste viu o ICAP subir 15,24% em relação a março, atingindo R$ 16,03, o Sudeste registrou uma queda de 2,56%, com o índice marcando R$ 12,93.
Segundo Paulo Dias, CEO da Ponta Agro, “a valorização da arroba reacendeu o otimismo dos confinadores no Centro-Oeste, que aumentaram a entrada de animais e, com isso, a demanda por insumos nutricionais.” O milho, por exemplo, atingiu seu maior valor nominal desde 2022, mesmo com a expectativa de safra recorde.
Insumos energéticos lideram alta no Centro-Oeste
O aumento do custo das dietas no Centro-Oeste foi puxado principalmente pelos alimentos energéticos, que subiram 24,23% em relação a março. O milho grão seco teve alta de 9,75%, e a silagem de milho, 7,97%. Também chamam atenção o aumento de 32,96% no preço da gordura protegida e a alta na casca de soja (+2,66%) e no bagaço de cana (+8,00%). O custo por tonelada de matéria seca da dieta de terminação na região chegou a R$ 1.355,52, um avanço de 6,28%.
Sudeste: flexibilidade e coprodutos como estratégia
Na contramão, os pecuaristas do Sudeste conseguiram conter os custos usando maior diversidade de ingredientes. Com acesso facilitado a coprodutos da agroindústria, como polpa cítrica, casca de soja e bagaço de cana, a região apostou em formulações mais flexíveis.
Essa estratégia contribuiu para a redução dos insumos energéticos em 1,94%. Entre os ingredientes com maior queda no mês estão: silagem de milho (–32,13%), bagaço de cana (–10,15%) e milho grão seco (–5,59%). Ainda houve aumento em itens como a casca de soja (+8,70%) e o caroço de algodão (+4,58%). O custo por tonelada da dieta de terminação ficou em R$ 1.259,47, retração de 0,32% frente a março.
Um cenário de pressão, mas também de oportunidades
Na comparação anual, o ICAP subiu em ambas as regiões: +7,87% no Centro-Oeste e +2,86% no Sudeste. No mesmo período, a cotação da arroba do boi gordo disparou: +50% no Centro-Oeste e +37% no Sudeste.
Esses patamares contribuíram para reacender o otimismo no setor, impulsionando a entrada de animais no primeiro giro do ano e, consequentemente, elevando o custo de nutrição.
Com base nos dados dos confinamentos analisados pela Ponta, o custo estimado por arroba produzida ficou em R$ 235,24 no Centro-Oeste e R$ 205,25 no Sudeste. Ainda assim, considerando os preços atuais de balcão, o lucro pode ultrapassar os R$ 850 por cabeça no Sudeste e R$ 680 por cabeça no Centro-Oeste.
Segundo Paulo Dias, o desafio agora é “manter o equilíbrio entre produtividade, eficiência e margem em um cenário que exige cada vez mais atenção à gestão de custos.”
Bonificações e eficiência como estratégia
Além da eficiência nutricional, a busca por bonificações junto aos frigoríficos também se torna uma estratégia essencial. Atualmente, o diferencial do Boi China pode variar entre R$ 5,00 e R$ 7,50 por arroba, dependendo da região.
Esse adicional, quando somado a uma gestão de custos eficiente e a ganhos em produtividade, pode representar a diferença entre margens apertadas e uma operação mais lucrativa, especialmente um cenário de custos elevados e mercado aquecido.
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O Índice de Custo Alimentar Ponta (ICAP), desenvolvido pela Ponta Agro, é uma ferramenta essencial para o setor pecuário que mede as variações nos custos de alimentação animal em confinamentos, refletindo as mudanças nos preços dos insumos e commodities. Com base em dados na análise de mais de 4,1 milhões de animais confinados, o Índice auxilia produtores e consultores a planejarem compras, gerenciarem estoques e tomarem decisões estratégicas para maximizar a rentabilidade. Baixe o relatório completo clicando aqui.