Hoje vamos apresentar para vocês o caso de sucesso da AME Farms, um dos clientes da Ponta que apostou na verticalização da pecuária.
História da AME Farms
Com o prefixo “AME” em homenagem a seu avô, nasceu a AME Farms.
A paixão pela pecuária do Sr. Manolo Ernandes, foi seguida por seu neto Fernando Ernandes, que buscou uma nova forma para produção de alimentos.
Começou com foco em genética, mas logo viu uma oportunidade de criar uma marca de carne própria, seguindo o conceito “Farm to Table” (da fazenda à mesa). Mudou para produção verticalizada para aumentar os ganhos e, em 4 anos, a Ame Farms se tornou uma das marcas de carne mais exclusivas do Brasil, oferecendo carne Angus pura e Wangus (Wagyu P.O. x Angus P.O.) aos consumidores.
Conceito “Farm to Table”
A verticalização da cadeia de produção, facilita a comunicação entre o pecuarista e o consumidor, impulsionando uma produção alinhada ao que os clientes desejam.
O conceito “Farm to Table” consiste em entregar a carne direto da fazenda até a mesa do cliente. Como não há intermédios de fornecedores e terceiros, tudo fica sob responsabilidade das fazendas verticais.
Esse conceito é muito comum em países da Europa e dos Estados Unidos, mas no Brasil ainda é pouco explorado. A AME Farms foi uma das primeiras marcas a adotar, garantindo rastreabilidade dos produtos vendidos e a confiança do consumidor.
Caso de produção verticalizada – AME Farms
Genética
A AME Farms trabalha com raças 100% Angus, Wangus e Cruzamento Angus, selecionando cuidadosamente os animais para engorda com base nos padrões da marca. Para produzir seus próprios bezerros, eles utilizam FIV (Fertilização In Vitro) para garantir a padronização. Os embriões resultam de cruzamentos entre fêmeas Wagyu e machos Angus, bem como fêmeas Angus e machos Wagyu. Esses embriões são implantados em animais de parceiros, permitindo a compra dos bezerros com um prêmio de até 30% em comparação com o valor médio de mercado.
Atualmente, em Paraná, um bezerro é vendido por cerca de R$10,00 por quilo. No entanto, se atenderem aos critérios da AME Farms, eles pagam até R$13,00 por quilo. Além disso, a empresa adquire bezerros 100% Angus para reposição e engorda.
Todos os animais passam por ultrassonografia de carcaça para avaliar a Área de Olho de Lombo (AOL), que indica a musculosidade e rendimento dos cortes cárneos (deve ser >50), e o marmoreio, um indicativo da qualidade da carne (suculência, sabor e maciez), que deve estar entre 4 e 4,5. (conforme imagens abaixo)
Avaliação do grau de marmoreio (ilustrativo)
Avaliação da AOL, via ultrassonografia de carcaça
Nutrição
Para garantir a padronização do corte e sabor da carne premium, a AME Farms utiliza uma dieta extrusada com feno como fonte principal de volumoso. Essa estratégia, embora não seja comum nos confinamentos brasileiros, é eficaz na manutenção da qualidade da dieta, evitando variações no processo de produção e fornecimento. Isso contribui para a segurança da padronização na alimentação.
Além disso, a AME Farms não adquire animais já em peso de recria devido à falta de conhecimento sobre a alimentação que receberam, o que torna a padronização mais difícil.
Desempenho e rendimento
O objetivo do projeto é abater os animais com peso entre 450 a 500 quilos e o rendimento de carcaça seja de 54%. Os animais mais pesados já chegaram até 57% de rendimento.
O proprietário Fernando faz todo acompanhamento do abate e desossa de seus animais, demonstrando dedicação e o empenho de realizar essa etapa com sucesso, garantindo uma melhor rentabilidade.
Possibilidades de lucro
A AME Farms realiza o trabalho de verticalização em uma propriedade de 2,5 alqueires e já chegou a faturar R$1,0 milhão com a venda dos cortes especiais. Opera em um confinamento com capacidade estática para 200 cabeças, com previsão de encerrar 2023, com 200 animais abatidos e faturamento de R$2,0 milhões.
O lucro da produção de carnes especiais gira em torno de R$2,0 mil reais/cabeça, o que é muito diferente quando comparamos com um confinamento (produção de carne commodity), onde o pecuarista convencional chega a ganhar R$200,00/cabeça em um cenário de ciclo pecuário positivo.
Essa grande diferença é o que torna a verticalização da pecuária uma modalidade inovadora e criativa. Amparado pelo mercado consumidor e com poder de compra, o público busca cada vez mais a qualidade do que a quantidade.
Formatos criativos do negócio verticalizado
A AME Farms não possui lojas físicas para comercialização das carnes, mas tem um canal de venda direto da fazenda até o consumidor final, conceito “Farm to Table”. Além disso, atuam em um modelo de venda digital, onde o consumidor consegue realizar seus pedidos de carne através dos meios de comunicação como WhatsApp e redes sociais.
Com objetivo de compartilhar conhecimento com outros pecuaristas que buscam a mesma modalidade em seu negócio, lançaram a AME Farms Academy, uma plataforma de educação, com aulas digitais sobre pecuária verticalizada com foco em carne de qualidade. Feita de pecuarista para pecuarista.
Desafios da verticalização
A padronização da carne é o principal desafio da produção verticalizada.
Parcerias com pecuaristas inovadores são uma opção, desde que haja uniformidade em nutrição, genética, manejo, marmoreio e idade de abate. Atualmente, poucos pecuaristas seguem esse modelo, o que torna a empresa inteiramente responsável.
Encontrar o equilíbrio entre o número de animais e a demanda de mercado é crucial. Segundo Fernando, “Comece pequeno e cresça rápido e não é necessário um grande rebanho para obter lucro”.
Para saber mais, confira nosso podcast #20.